Somente um em cada cem portugueses considera a sua casa termicamente confortável, enquanto quase três quartos dizem ter frio dentro de casa, levando a elevados gastos de energia no aquecimento, segundo um inquérito divulgado pela Quercus.
Dos cerca de mil inquiridos, 74% consideram as suas casas frias no inverno, 25% dizem que são quentes no verão e apenas 1% refere que a sua casa é termicamente confortável e, por isso, os gastos de energia para colmatar as necessidades de aquecimento são elevados, refere a informação hoje apresentada.
O inquérito foi lançado pelo Portal da Construção Sustentável em colaboração com a Quercus e realizado entre fevereiro e agosto de 2017 com o objetivo de perceber se os portugueses consideram a sua casa fria, quente ou confortável.
Dos portugueses que apontam ter a sua casa fria no inverno, 35% recorrem a mais roupa e mais equipamentos para se aquecerem, 21% têm equipamentos para esse fim e 20% só fazem uso de mais vestuário.
No caso dos inquiridos que consideram a sua casa fria, 21% referem haver “um aumento significativo” de energia — de quase o dobro – para manter o conforto, 37% dizem não possuir qualquer isolamento em casa, quase a mesma percentagem daqueles que diz não saber se a sua casa possui isolamento (35%).
A maioria habita edifícios construídos entre 1980 e abril de 2004, a maior parte com vidros duplos nas janelas, mas não possuem caixilharias com rutura térmica, “o que de nada adianta a eficiência do vidro”, segundo os ambientalistas.
A Quercus recorda que, em 2003, uma investigação realizada pela Universidade de Dublin concluía que Portugal é um dos países da União Europeia (UE) “onde mais se morre por falta de condições de isolamento e aquecimento nas casas”.
No inquérito agora divulgado pela associação, entre os inquiridos que têm frio em casa, quase um quarto diz haver no seu lar pessoas com problemas de saúde devido ao desconforto térmico, principalmente respiratórios e alergias.
“É nos edifícios que passamos cerca de 90% dos nossos dias”, realça a Quercus, por isso, considera que os decisores governamentais e os municípios devem tentar perceber como evitar o desconforto térmico.
A associação aponta o poder de compra dos portugueses e “a eletricidade mais cara da Europa” para referir ser “natural que tendam a recorrer a apenas mais roupa” para enfrentar o frio em casa.
Para os ambientalistas, deviam ser definidas políticas locais que beneficiem a reabilitação sustentável dos edifícios existentes, apostando no isolamento para que o calor gerado dentro de casa se mantenha.
“É preciso criar instrumentos efetivamente eficazes, que informem convenientemente os portugueses e que sejam uma obrigatoriedade”, salientam.
A Quercus lembra que a eficiência energética, “além de uma necessidade evidente, é uma obrigatoriedade” estipulada na diretiva europeia sobre o desempenho energético dos edifícios.
Esta obriga a que a partir de 01 de janeiro de 2019 os novos edifícios públicos, e de 1 de janeiro de 2021, os particulares tenham necessidades quase nulas de energia.
Como 40% do consumo total de energia na UE corresponde aos edifícios, segundo a Quercus, o aumento da sua eficiência energética é uma das medidas necessárias para reduzir a dependência energética e para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa.
Fonte: DN Notícias